Descrição enviada pela equipe de projeto. O apartamento RGM 46 é um projecto de reabilitação situado em Lisboa, com cerca de 60m2 em tipologia duplex, com um pequeno terraço na cobertura.
O programa funcional proposto incluía uma sala, cozinha, quarto e instalação sanitária. O ponto partida da intervenção consistiu na separação espacial entre espaço social e espaço privativo do apartamento através dos dois pisos existentes.
O piso inferior foi libertado de todas as paredes e obstáculos existentes, para dar lugar a um espaço único e amplo destinado à sala. Neste sentido, foi necessário reforçar a estrutura do apartamento com um novo sistema composto por vigas e pilares metálicos, que foram deixados à vista e que se afirmaram como tema de projecto.
A estrutura de reforço, longitudinalmente, delimita dois espaços distintos da sala, um voltado a sul que usufrui da varanda exterior e da luz natural dos vãos da fachada principal e outro voltado a norte que comunica com a fachada tardoz cega. Juntamente com o posicionamento estratégico do pilar, são delimitadas quatro quadrantes distintos: a sala a sul, dividida entre espaço de estar a poente e espaço de refeições a nascente; e espaço funcional a norte.
Foi introduzido um novo corpo acoplado à parede norte, que constitui uma linha de painéis abstrata, que integram os armários da nova cozinha, zonas de arrumação e o acesso às escadas que acedem ao piso superior. A introdução deste novo volume procura, por um lado, resolver com um só gesto a incorporação de todas as funcionalidades da cozinha, como, por outro, oferecer um pano de fundo único e contínuo ao espaço. Os painéis cinza juntamente com o tecto pintado à mesma cor, definem pela utilização de cor, uma distinção espacial com o espaço de estar, luminoso, acentuado pelos vários tons de branco das superfícies e pelo ritmo dos barrotes estruturais de madeira que marcam o tecto deste espaço. Para moderar a relação entre estes dois espaços foi ainda criada uma estante metálica semi-aberta que oferece apoio tanto para a cozinha como para a sala de estar.
No piso superior encontra-se uma suite desenhada em formato open-space. O espaço possui um pavimento e um tecto continuo, porém é separado através do posicionamento estratégico de peças de mobiliário que criam diferentes hierarquias de utilização do espaço. Foram criados dois volumes soltos por entre os quais é possível circular e que separam o espaço de quarto do espaço de banho.
A instalação sanitária situa-se do lado nascente, com iluminação e ventilação natural através do novo vão na cobertura. Este espaço pode ser fechado através de dois painéis em acrílico rosa, que criam um jogo de semi-transparência e filtram a luz colorida para o interior do espaço. O volume que separa este espaço do quarto inclui um nicho com um lavatório metálico e com as faces interiores revestidas a espelho.
O espaço principal do quarto trabalha a escala de branco e cinza em diferentes tons e texturas. A cama está inserida num nicho com cabeceiras de várias alturas. Daqui, vê-se o terraço exterior e a paisagem reflectida no espelho do armário.
A aparelhagem eléctrica e os candeeiros decorativos destacam-se propositadamente na cor preta, enquanto que a iluminação geral de parede se apresenta invisível, branca e inócua.
Em termos globais, a intervenção pretende clarificar o espaço, criando divisões amplas e comunicantes entre si através de uma circulação fluida e sem obstáculos. As subtis variações entre espaços são feitas meticulosamente através do desenho e posicionamento de mobiliário e pela utilização cuidadosa de cor.